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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cidade órfã



Praça da Sé.
Marco zero da cidade de São Paulo.
Seis e cinco da noite.
Fim de expediente.
Sol (ainda) a pino – 28º.
Ele me olhou de uma distância considerável, confortável, aceitável.
Vestia uma bermuda vermelha e calçava chinelos de dedo (não eram Havaianas, a antiga marca de “pobre”, que hoje custam o equivalente a um bom jantar no Blackdog).
Queimado do sol, sua face estava avermelhada, mas não pelo sol, bem como ao redor dos verdes olhos tão expressivos e desesperados que meavam os 32 anos.
Quando menos pude esperar, apesar de ter dado 20 passos em minha direção, ele falou, como se tivesse uma ameixa cravada em suas cordas vocais:
- Por favor, você pode me dizer onde posso encontrar uma igreja evangélica por aqui?
Ao mesmo tempo em que o ouvia, fiquei tentando, em meu mapa mental, localizar a maldita igreja, afinal, sempre havia uma em cada esquina. Mas não no centro.
- Hmm, sinto muito – disse, apesar dos pesares, satisfeita.
- Pelo amor de Deus, nem um centro de recuperação? Pelo amor de Deus! – exaltou-se.
Entrei em choque. Foi como uma injeção de adrenalina. Então entendi. Foi uma avalanche nas minhas costas, como se trinta pessoas subissem no meu “lombo” e dissesse “ande’. Processei o mais rápido que pude e praguejei, por saber apenas de ajuda próximas ao meu bairro. Não consegui pensar em nada melhor. Burra.
- Não. Sinto muito.
Por exatos 15 segundos ele me olhou firmemente, com lágrimas escorrendo no rosto bronzeado, o que me fez querer morrer ali mesmo.
- Muito obrigado. – falou, sinceramente a mim.
- Sinto muito...
O metro nunca me sufocou tanto. Nunca xinguei tanto sozinha! Imagino que tenham pensado que eu era mais uma louca pregadora nessa cidade mãe.

Mas...Sinto muito? SINTO MUITO? Que tipo de ser humano diria sinto muito, ao invés de ter mais calma e tentar auxiliá-lo, ou algo que o valha? Mas, por outro lado, o nada mal vestido homem desgovernado dentro do próprio mundo criado poderia ser tudo e mais um pouco oposto ao que eu imaginava que ele era.
Ainda não sei se foi a atitude certa. Não sei o que é certo. Vivo. Sinto apenas que pequei como pessoa. Espero por mais uma chance para tentar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

(Inconcebível) Mundo novo

Aquele sacudir me enjoava, assim como a fumaça inalada inconscientemente e a sujeira cuspida pelo asfalto esburacado. O som frenético emitido pelos motoristas nervosos agora soavam como uma bela melodia metropolitana. Já não sinto. Já não ouço. Já não faço. E nem reclamo. Tornei-me um ser humano automatizado. Só me resta chegar pontualmente ao trabalho.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Juramento

Eu juro que nunca quis te machucar
E nem que as coisas terminassem assim
Muito menos que se apaixonasse de verdade por mim

Acreditei quando disse que não se importava
Você disse, posso ouvir até agora!

Não me culpe,
Não quero ser seu mártir
Cure-se!
Sei que é forte o suficiente, amanhã será um novo dia!

Eu juro: você encontrará alguém que te ame mais do que eu já te amei...