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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O medo do medo

"Eu te amo, amore mio".
Foi a última mensagem dele para mim antes que tudo acontecesse.

Semanas de perfeição, regadas a diversão, cumplicidade, amor e sinceridade. Tudo tão maravilhoso e leve - apesar daquele pesadelo premonitório.

O iPhone dele toca. E sobe uma janela com o nome da ex-namorada. Olhando para os olhos dele, desbloqueei. Eu não mexo no celular dele e ele sabe. Minha reação foi de torpor imediato.

Sorri, de longe, um sorriso bem amarelo. Aquela mensagem...como ela sabia tanto dele? Eles estariam se encontrando? Por que ele não me contou? Se ela não deu 'oi' é porque estavam se falando antes e ele apagou o histórico.

CHOQUE.

Comecei a dar risadas histéricas em meio a um grupo de amigos que bebiam alegremente ao meu redor. Ninguém, aparentemente, percebeu meu pavor. O meu maior medo vindo à tona. Me cutucando. Concretizando meu pior pesadelo.

Saímos, como se nada tivesse acontecido.

Com um sorriso despreocupado no rosto chegamos ao carro e dei minha cartada. E ele agarrou. Eu estava certa. Decepção. TORPOR. Ódio. E o inevitável choro infantil, com soluços de dor.

O pior covarde é aquele que não quer ver. Que não quer agir em prol de um bem maior.

Acordei, esperando que esse pesadelo não seja real como foi quando estava dormindo. Tenho medo dos meus medos. E medo de mim e essas sensações de aviso, que nunca erram.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Vai votar em quem?


Ano eleitoral é um ano de muitas emoções: debates, caminhadas políticas, entrevistas, protestos, opiniões, mais debates e declarações – sejam de amor ou ódio – aos partidos políticos, representantes ou formas de governo. Prova disso é o lançamento de “Junho – O filme”, do diretor João Wainer, que retrata a curta revolução, em 2013, do aumento de R$0,20 da tarifa de ônibus.

Ainda quente e sem revisar o vídeo, anotei, ao longo do filme, alguns pensamentos e frases que retratam o Brasil dessa década. A primeira impressão foi de que a divulgação desse vídeo foi essencialmente e estrategicamente eleitoreira. E isso não quer dizer que a favor do atual governo. Ao contrário: a Folha deixou ainda mais clara a sua posição política nesse cenário de incertezas. Contra Dilma, contra Alckmin, contra os senadores, deputados e toda a corja representante do Brasil.

Mostrando imagens de um povo apolítico e não politizado, o mote foi relembrar que o povo, como dito por um poeta da periferia – e bem consciente da realidade – que “o povo brasileiro merece ser roubado. Somos um povo hipócrita”. E há como discordar?

Uma mobilização em massa contra o Alckmin foi feita há pouco mais de um ano. E, neste ano, eleitoral, voltamos a conduzir o nosso bonde para o mesmo buraco. Não estou expondo minhas preferências políticas, faço questão de FRISAR. A proposta aqui é de fazer com que você, que vai votar em dois dias, pense. Pesquise. Repense. E vote.

“Junho – O filme”, que estava disponível gratuitamente até às 17h no canal O2 no Youtube, relembrou que ainda somos um país fraco, sem fundamentações ou base para protestar ou demandar os próprios direitos. E ainda que pode ser influenciado pela mídia e suas opções, sejam elas quais forem, pela falta nítida de educação, de interesse ou mesmo de vontade de pensar.


Assistam. Tirem suas conclusões. As minhas foram mais profundas do que posso externar. E escolhi não externar para tentar fazer com que vocês tirem suas próprias conclusões. No fim, todos nós chegaremos a uma única verdade: precisamos de mais do que nos foi oferecido em anos de democracia. E a opção de ter ou não é nossa.