Com a luz acesa, televisão ligada no telejornal, marido na cozinha fazendo o jantar, eu arrumando coisas enquanto brincava com o Anthony. Freneticamente.
Ele estava bem agitado para uma segunda-feira pós feriadão. Pós creche. Pós dia cheio no meio do trânsito na volta pra casa.
Estranhei. Era quase 22h e o bebê ainda não tinha dormido.
Aí me dei conta: apaguei a luz, abaixei o volume da televisão, pedi um pouco mais de cuidado ao Marcelo. E aí...bebê rola aqui, rola acolá, pede peito e DORME.
Conversando com o Marcelo sobre a noite anterior, comemorei o sucesso da minha empreitada iniciada no primeiro dia do bebê Anthony: fazer com que ele soubesse e diferenciasse o dia da noite.
Desde bebezico fazia questão de manter os barulhos pela casa, a rotina comum e a noite prezava pelo silêncio. Ele adquiriu o hábito e agora só dorme se for assim. Depois que dormiu, como diz o Marcelo, "pode soltar foguete que ele não acorda".
Então, mamacitas, fica a minha dica da vez: criem hábitos. Atendam às necessidades dos seus bebês. Isso vai refletir para o resto da vidinha dele. E olhem: posso afirmar que nem tudo o que a gente lê por aí é balela, afinal, esse método é algo que li MUITO pela internet antes de testar. Eu e o Anthony fomos as cobaias. E amamos.
Boa sorte!
terça-feira, 26 de abril de 2016
quinta-feira, 7 de abril de 2016
O bêbado e a equilibrista no metrô da linha azul
O dia começou normalmente, aquela rotina comum entre eu, o
bebê e meu marido, às 6h.
Nos arrumamos, brincamos, saímos de casa para dar início ao nosso dia fora do lar. O primeiro passo é o Marcelo me deixar no metro Jabaquara e depois levar bebê Anthony à creche.
Ótimo! Trânsito não havia, então cheguei bem cedo à estação.
Na plataforma, não entrei de pronto. Já que estava dentro do
horário resolvi aguardar o próximo trem.
Claro que há sempre aquela tensão para sentar... E algum
filho da puta te empurra e você acaba ficando em pé. O filho da puta me
empurrou, mas consegui sentar ao lado de alguém, que não olhei imediatamente
até perceber que o tal senhor estava com as pernas ARREGANHADAS – no sentido da
palavra – ocupando não só o “quadrado” dele, mas invadindo o espaço que me
cabia. Que conquistei.
Educadamente, dentro do possível, pedi:
- Senhor, poderia, por favor, recolher um pouco as suas
pernas?
O bendito se moveu 0,003cm ao lado direito.
Não contente, ele, de maneira provocativa, me perguntou as
horas e abriu ainda mais as pernas. Respondi, novamente, de maneira educada:
- São cinco para as 8h.
Sorrindo maliciosamente, ele perguntou:
- Da manhã ou da noite?
Ignorei. Não era possível que esse senhor de aparentemente
50 anos, magricela, pele avermelhada e enrugada, fedendo a bebida e suor
testaria minha paciência em um dia tão digno. Pois sim. Era para isso que ele
estava ali.
Resisti o quanto pude às inúmeras investidas dele. Ele
forçava a perna dele contra a minha, encostava o ombro, me empurrava com o
corpo...
“Não darei esse gostinho a esse maldito”, eu pensava.
Chegando à estação Vila Mariana, eis que ele, com todo
aquele cabelo oleoso cheirando a sebo encosta a cabeça no meu ombro. Foi a gota
d´água. Levantei e disse:
- Satisfeito? Agora o senhor que deite nesses dois bancos.
Fiquei com raiva da moça que sentou onde eu estava. Ela estava
acompanhando a minha odisseia com aquele semi-bêbado insolente. Mas enfim, que
sentasse. E aí ele, com a língua toda enrolada, levantou a voz em minha
direção.
- Você é bonita, mas é mau educada. Ser mau educada deixa a
pessoa feia. Você agora está feia. Você é mau educada. Você é mau educada.
JESUS! Não aguentei:
- Ah, vá seu bêbado de merda. Só quero ir trabalhar em paz.
Cala a boca e siga a sua viagem. Abra essa porra das suas pernas e seja feliz,
crápula.
Não contente ele jogou:
- Seu pai não te deu educação!
ARGHHHH! Não é possível que esse filho da puta ainda esteja
falando. Me imaginei pulando em cima dele e pegando aquele pescoço de frango e
metendo-lhe porrada. Não fale da minha família, maldito. Algo me refreou.
- Na moral, cara. Você não merece meu respeito.
Ele continuou falando até a Liberdade coisas que meu cérebro
bloqueou, por sorte dele.
Um senhor se colocou entre eu e ele e me pediu calma.
Sentei onde o meu antigo algoz estava. Minha carne tremia. Minha imaginação
criou centenas de formas que eu poderia matá-lo. Ele desceu, para a alegria dos
passageiros que nada fizeram a meu favor, vendo a folga daquele senhor. E
começaram os comentários.
“Nossa, que raiva. A gente não tem nada a ver com isso mas
dá vontade meter a porrada num cara desse”.
“Nossa, moça. É bom se benzer. Esse ser encarnou na sua”.
“É mesmo. Complicado. Se benze, fia”, emendou outra senhora.
Pedi para a família me benzer. Melhorei. O resto do meu dia
foi lindo. Mas ainda penso em quebrar a cara daquele que quis me azedar.
Sorte dele que algo me refreou, como eu disse aí em cima: eu
só não queria ser a próxima famosa do Youtube e Facebook. Só por isso. Que
sorte a dele.
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